Bolsonaro recebeu Elon Musk com rapapés e tapete vermelho, em cena de vassalagem vira-lata explícita. Como se sabe, Musk negocia a compra do Twitter e já avisou que a liberdade de expressão absoluta na rede social, sem qualquer moderação, está acima de tudo. Música para os ouvidos das milícias digitais e sinal verde para a pregação golpista e os discursos de ódio.
Musk também anunciou que quer reverter o banimento de Donald Trump, expulso do Twitter por ter insuflado extremistas contra a confirmação de Joe Biden, em janeiro de 2021. A ação resultou na invasão do Capitolio e na morte de cinco pessoas.
Homem mais rico do mundo, dono de um império de empresas de alta tecnologia, que vão dos carros elétricos à pretensa colonização de Marte, Musk é um oligarca de perfil ególatra e megalômano.
Ficou famoso seu tuíte sobre o golpe na Bolívia, contra Evo Morales, em 2019. Respondendo à crítica de um seguidor, tuitou: “Nós daremos golpe em quem quisermos. Lide com isso.” A Bolívia tem as maiores reservas de lítio do mundo, mineral essencial para a produção das baterias de carros elétricos fabricados pela Tesla.
O oligarca se meteu na guerra da Ucrânia, fornecendo equipamentos da sua rede de satélites, a Starlink, que, segundo a imprensa britânica, está tendo uso não apenas civil, mas também militar, contra as forças russas.
Agora, Musk aparece no Brasil para, supostamente, cobrir a Amazônia com internet, para monitorar os lugares mais remotos, num contrato sem licitação. No Twitter, o oligarca ofereceu um motivo singelo: conectar escolas rurais. Em momento pré-eleitoral, com disparada do desmatamento e ofensiva da mineração sobre terras indígenas? Conta outra.
O poder quase incontrolável das big techs tem mostrado graus variados de impacto negativo para as democracias, em vários países. A passagem meteórica de Musk pelo Brasil faz soar um alarme (mais um) sobre enormes riscos de manipulação envolvendo a eleição de outubro.
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