Cristina
Serra
jornalista &
escritora.

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out 22, 2022 | Brasil

Máquinas do ódio contra o eleitor

O TSE ampliou seus poderes para atuar contra uma imensa e complexa rede criminosa de propagação de mentiras, distorções e manipulações operada pela candidatura da extrema direita. Antes tarde do que muito tarde.

A transmissão massiva de desinformação é concatenada em vários níveis pela campanha de Bolsonaro com o intuito de tentar nocautear o adversário, que se vê obrigado a esclarecer falsidades o tempo todo, além, claro, de desestabilizar o sistema eleitoral.

Ao não divulgar sua avaliação sobre a eleição no primeiro turno, o ministério da Defesa contribui para a fermentação de teorias conspiratórias sobre as urnas. Não divulga, simplesmente, porque não tem como reprovar a urna eletrônica. Mas, ao postergar suas conclusões, age para semear dúvidas e suspense.

Os tentáculos da rede se proliferam a partir dos púlpitos, com a disseminação de aberrações que seriam cometidas contra as famílias, caso a esquerda volte ao poder. A fraude informativa é amplificada no esgoto digital bolsonarista, que cria uma espécie de Brasil paralelo, e que, até agora, estava dando uma surra no TSE.

Os novos poderes da corte não resolvem tudo. Trata-se, apenas, de contenção de danos diante da insuficiência dos acordos pré-campanha acertados com as empresas donas de plataformas e redes sociais.

Bastou o TSE mostrar que está disposto a cumprir melhor o seu papel para ser criticado por falta de transparência e por supostas ameaças à liberdade de expressão. Cada decisão do TSE é monitorada pela imprensa e pelo público. Já as empresas, que têm falhado no cumprimento dos acordos, são zonas de guerra fechadas ao escrutínio da sociedade.

Quais os critérios que usam para remoção de conteúdos, suspensão de contas e de canais que insistem na sabotagem à democracia? Qual a estrutura que montaram para combater a desinformação? O fato é que a desenfreada máquina do ódio multiplica os lucros das empresas. E que se danem a democracia e o eleitor.

(publicado originalmente na Folha de S.Paulo em 22/10/22)

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